segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Superação - Conflito

Superação - Conflito"Fuga e pensamento? 5 Postais que formem um unidade, tanto junto quanto separados.". Meu caçula,meu artista,minha inspiração: http://www.flickr.com/photos/ps_ico/page2/

Na pia de casa,eu,lavando louça ouço o vento passar e me dizer que o mundo é grande.
E imagino a imensidão do Universo escuro(será?)e olho a parte que é próxima a mim neste Universo.A linda imensidão do céu,flutuante,libertadora ,da cor de minha respiração.E porquê, no meu caso,sufocante?

Pinto minha vida,como se fosse um quadro colocado em uma moldura.Quadrilátera.Quatro quinas.Quatro margens.Sem ponte.Previsível.Encostado em uma parede onde não há,se quer,a possibilidade de criar uma visão 3D,para que possa aumentar a dimensão de vida atrás desta pintura(pintura da minha vida).
Porque torno a minha vida pequena e sufocante?Porque eu mesma vivo numa apnéia constante?Como uma cabeça dentro do mar,que não levanta.Ou um plástico enrolado com força sobre todo meu corpo.Porque pinto este quadro previsível?Como aqueles quadros de paisagens pintados em um destes cursinhos pré-vestibulares de arte.
Óbvio,estanque,paralisado.Sem nuances.Com cores,que,por incrível que pareça não transmitem cor alguma(seria tudo pintado na cor"Flicts"se ela não soubesse hoje,que a Lua é "Flicts").

As cores podem não ser coloridas.Podem ser opacas,sem brilho,sem luz.
É a minha vida dentro do meu quadro(que eu mesma pinto).Criador e criatura.Victor Frankenstein e seu monstro.
Como posso tornar isso possível?Eu a artista da minha arte,que é feita em mim mesma.Sobre mim e dentro de mim.Como posso estar dentro e fora do quadro,participando da pintura e do ato de pintar?

E mais ainda:como posso fazer isso tudo se sinto que minhas mãos estão atadas?Pés atados.Sentada numa cadeira na varanda.
Não é possível pintar,de mãos,dedos atados.Mas eu pinto.E crio esperança.Mesmo vendo,percebendo,que eu crio e faço minha vida pequena,como aquele quadrinho solitário numa gigante parede.E a minha esperança pinga,justamente desta goteira nascente.Tenho mãos atadas,pés atados.Minha pintura é opaca,as minhas cores não possuem cores(como se fosse uma metáfora)quase que invisível.Mas mesmo assim,ainda pinto.
E prefiro acreditar que o invisível ,aos meus olhos,torna-se branco.Há uma paisagem que de tão sem cor,ela é branca.
Isso me enche de esperança,pois o branco,é também,meu eterno recomeço.

Um comentário:

Tatiana Carpanezzi disse...

Nossa, Tiana... Muito forte seu texto...

Cada um com os seus causos... risos... Eu não acho sua vida pequena. Claro que o tamanho das coisas, essa mudança da moldura para #D, tem a ver com o tamanho dos nossos sonhos. não digo para vc sonhar menos. Mas para vc estar mais satisfeita com o pequeno. É o que sobra. Não somos feitas apenas de coisas grandiosas.

Te amo muito, bjos